segunda-feira, 19 de julho de 2010

O processo de NÃO PENSAR conhecido como fé

Atrasado pro trabalho, passo num trailer de um senhor que vende uma especialidade gourmet...  caldo de cana com pastel... maus hábitos de uma vida corrida.


Tem tempo que eu reparei que esse senhor é evangélico. Admira minha educação e manda sempre uma "benção" ou coisa assim. Me parece boa pessoa e gradativamente  conta "trechos dramatizados " de sua vida; em como usou drogas, quase se atirou de um prédio até que Jesus (olhe lá no céu, é um pássaro? é um avião? é SUPERMAN!) o salvou. Enfim, histórias que todos conhecemos. Talvez ele confunda minha postura como alguém que compartilha da mesma crença. Vai ter uma baita decepção quando eu lhe disser que sou ateísta. Do ponto de vista de um crente típico (generalizando), bondade e descrença não existem juntas. Pra um crente, aliás pra maioria das pessoas, se você não tem fé, você é mau. E segundo Rorscharc: "Evil must be punished."


Uma amiga pôs no perfil dela do orkut que ela queria que deus a ajudasse e isso durou dias sem que ninguém expressasse apoio - o problema dela não era grave,chateação de briga com namorado - bom, bastou que eu dissesse que ela esquecesse porque Deus não existe pra chegar a cavalaria. As reações foram diversas, gente que não respondeu a menina antes o fez de encontro ao que expressei. Foram reações a minha frase, não necessariamente de solidariedade a moça, e expressivamente com ódio se contendo direcionadas a mim de forma nem tão indireta. Não me refiro ao Talibã. É gente aqui do Brasil mesmo, que você esbarra nas ruas o tempo todo. E é esse mesmo princípio que de forma vitaminada faz umas pessoas explodirem suas vísceras. Até você que está lendo pode ter sido uma delas. Por que você não respondeu antes e procurou ver qual era o problema da moça? responda pra si. Fé é mesmo atrelada a essa coisa hipócrita. As duas não existem de forma dissociadas. E por que é assim? porque fé é uma coisa vazia por si mesma. É a falta de resposta a uma fantasia que não se sustenta. Quando todos os argumentos acabam. Apela-se a fé. É a criança encurralada que não sabe responder mas que diz sim porque sim porque sim, porque sim...
Fé é algo infantil no sentido ruim. É difícil a gente não perceber  porque fomos educados a ter como uma coisa boa. Nos dizem desde criança, os filmes, parte da cultura que absorvemos repete isso. É um trem cheio de gente indo a lugar algum, mas todos gostam de imaginar que está em movimento e sorriem uns pros outros durante tanto tempo que aquele que percebe o embuste, se levanta e vai embora, é visto pela maioria com raiva. Não pensar é mais fácil. E quem cruza essa linha é imediatamente odiado. E olha que é ódio mesmo, desejo puro de que a pessoa sofra, de que se dê mal. Por mais que isso contradiga a crença.
Os ateus aliás podem ser a classe mais agudamente odiada no mundo. Basta declarar não acreditar em Jesus, Jeová, Kardeck ou Tarantino pra ver expressões de raiva descontrolada. E aumenta de acordo com a estupidez da pessoa. Quanto mais burra, mais ataque de pelanca ela tem. Quem não pensa, agride...paciência.

Do meu ponto de vista, fé é que é de verdade o mal. É o mal do mundo. É o não pensar seja por medo, inconformismo ou os dois. Mas acima de tudo, o princípio ativo (peguei essa de bula de remédio) da fé é a ignorância mesmo. Nesse ponto, buscar ser bem informado, questionar, testar e confrontar são vistos como arrogância, exibicionismo e defeitos. São os valores sendo invertidos pra dar força a crença nem que seja na base da porrada. Como sempre foi aliás... é excluir a razão.


A foto acima é de uma feira da igreja católica na minha cidade. Por mais imbecil que eu considere as pessoas colocando papéizinhos de pedidos pra uma escultura numa igreja, as cocadas são deliciosas de todos os tipos e tem sempre um bom preço. Tô tentando ver o lado bom, ok? nesse dia eu finalmente experimentei um acarajé e... prefiro cheesburguer...

7 comentários:

  1. Gosto da sua visão bem realista,realmente quanto mais ignorante maior é a agressividade!
    O problema é julgar como todos ignorantes,concordo que 90% o são!
    Mas existe vida inteligente sim e quanto a ser ateu é uma escolha sua e respeito!
    O problema é que a religião se tornou meio de manipulação da massa e criou - se meios de dominar a maioria!
    Mas isso não exclui a existência de Deus!
    Quem inventou a religião foi um idiota que quis ter poder e dominar os ignorantes! Bem,idiota é quem acreditou no tal homem!Rsrsrsrs!
    Abraço!

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  2. Oi Micael, obrigado de novo por seu comentário.E vc tem toda razão. Pessoas muito inteligentes existem sim e aos milhões. Pessoas atéias burras devem existir (por que não?) mas eu não sei de nenhuma de fato... sei de mau caráter em ambos os lados... tenho certeza de que alguns líderes religiosos são tão ateus quanto eu, aliás.

    Vc também tem razão de que a existência do péssimo uso da religiosidade não exclui Deus.Excluo Deus por outros motivos. Do meu ponto de vista e existência não faz sentido do jeito que é com uma intervenção divina. Descarte Deus por completo e tudo se encaixa.Se o mundo existe a partir de um criador onisciente , onipresente e onipotente, ele também é um sádico cósmico porque mesmo com poderes infinitos, criou um sistema onde existe muito sofrimento... e se for o deus bíblico, pior, porque ainda põe a culpa no homem embora o mesmo sequer tenha pedido pra existir.Se vc é uma boa pessoa e em algum momento ganhasse poderes infinitos, vc acabaria com o sofrimento não acabaria? pois é, Deus não acaba. A religião diz que "um dia"(sempre vago e genérico)tudo vai se "revelar" num plano onde as coisas vão se resolver.

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  3. Isso é basicamente frase de gente da elite, dos reis e imperadores pra fazer o povo sofrido ter esperança em alguma coisa... em fantasia.

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  4. Sim Jaka, concordo. Não havia abordado esse lado. Realmente a existência das religiões é um forte indício da exclusão de Deus.

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  5. Bom, acabei por perceber que sou a única destes comentários com pensamentos diferentes, acredito em Deus sim e muito como o Urbano já me conhece. Porém, em muito concordo com o seu post, Urbano! Acho sim que a religião em sua maioria, agride em grande parte a liberdade de pensamento das pessoas, porque ela constrói pessoas radicais e quem quer que entre em alguma religião já sendo adulto, ajuda a iluminar as pessoas que já fazem parte dela, com uma bateria de questionamentos importantes. Porém, tb discordo que basta dizer que é ateu pra que te odeiem....se igual forma, em muitas vezes me vejo em discussões porque digo que sou cristã...pra mim, ambos são perseguidos igualmente, basta que entremos no assunto...muitos ateus tb odeiam os critãos, pois os ateus tb são radicais em seus pensamentos, eles não ponderam suas expressões. Claro que muitos dos cristãos confundem o ateísmo com a maldade, o que é um pensamento muito idiota, mas devo dizer que muitos dos ateus tb são pessoas negativas, e portanto, incapazes de ver os pontos positivos das religiões ou da fé, há infinitos pontos positivos. Acho que dizer que a fé é uma coisa inocente, ou imatura por ser uma "resposta a uma fantasia" pode parecer dizer que o amor, a bondade e a pureza são coisas igualmente vazias e isso seria tb ridículo afirmar. Muitos ateus têm uma visão negativa do mundo (não só da religião) por se basearem em tudo que é objetivo, paupável e visível e claro, todas os sentimentos bons subjetivos do mundo estão fundamentados tb na capacidade da fé que está em torno deles, uma fé que não tem nada a ver com religião e sim em acreditar na presença destes sentimentos bons no mundo. Uma pena...é por isso e por outras razões, que à luz do conhecimento, muitas vezes o mundo seria mais feliz somente com a fé em Deus e sem a presença de religiões. Bastaria que muitos ateus lessem o livro A Cabana pra entenderem a simplicidade da fé em Deus e concordarem que as regras e rituais das igrejas só atrapalham o bem que o amor e a sabedoria (que não tem nada a ver com conhecimento ou inteligência) podem fazer entre as pessoas. Hoje, sou uma pessoa mais sábia, menos radical e mais respeitosa pois tive o privilégio de namorar um ateu que me faz questionar coisas das quais já havia engolido e que com a razão e o conhecimento já construídos no mundo ateísta, percebeu o bem que faz ter uma fé pura. Hoje, meu namorado diz ser mais sensível com o próximo, sociável e bondoso, tendo fé em Deus e preferindo não se dizer pertencente a nenhuma religião. Agora, ele ainda enxerga os erros da igreja, mas tirou as escamas do pessimismo dos olhos e consegue ver as coisas boas que todos nós, cristãos ou não, temos.

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  6. Um bom início de raciocínio, mas com certo número de equívocos. Sou ateu e conheço poucos ateus. Por isso não posso falar "muitos ateus isso ou aquilo." Posso falar sim: "muitos cristãos isso ou aquilo", baseado no grande número de cristãos que conheço.

    Por experiência pessoal: sim, bastou me declarar ateu em diversas ocasiões e as reações de inconformismo e mesmo ódio foram indisfarçaveis. Talvez vc nnao tenha essa atitude, mas muitos cristãos tem, E é até engracado pois eles desejam o mal mesmo ao ateu, que ele seja punido das mais variadas formas. A última pessoa essa semana me desejou que entrasse em coma. Paciência.

    É curioso que os próprios religiosos associem religiões a uma coisa negativa. Imagino que isso se deve aos imensos e repetitivos maus exemplos de atividades religiosas em praticamente toda a parte.

    "Fé em Deus" e a presença de religiões são ao meu ver, indissociáveis. Mesmo que existam um grande número de pessoas que individualmente se sentem cristnas sem frequentar uma igreja, se não houvessem igrejas e/ou instituições de algum tipo que reafirmassem essa fé, não creio que isso seria mantido muito tempo. A religião tem uma necessidade de autoafirmação constante. Até porque ela não tem prova de coisa alguma. Se sustenta na eterna autoafirmação.

    Alguns equívocos: os bons sentimentos do mundo estão vinculados a fé. É exatamente o oposto: quase tudo que é de ruim no mundo, especialmente ódio e intolerância estão associados a fé. Ao não pensar e acreditar.

    Amor e bondade não tem nada a haver com fé. Uma pessoa pode ser amorosa e boa e achar o conceito de Deus e fé, uma coisa muito errada.

    Acho que de tudo, esse é o ponto mais importante que nós céticos gostaríamos de derrubar.

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